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O C-295 da FAP

Para quem quiser saber um pouco mais sobre as características do C-295 da Força Aérea Portuguesa, nada melhor do que ver e ouvir esta apresentação feita por um oficial da FAP durante o Paris Air Show deste ano.

Fonte: StratPost

Incursões russas: o império contra-ataca

Há mais de 20 anos que nada semelhante acontecia: em finais de outubro, bombardeiros russos, apoiados por aviões de reabastecimento, voaram muitos milhares de quilómetros até perto da costa portuguesa.

A situação repetiu-se duas vezes no espaço de poucos dias e, em ambos os casos, caças F-16 da Força Aérea Portuguesa interceptaram as aeronaves russas e escoltaram-nas até deixarem o espaço aéreo internacional que está sob responsabilidade portuguesa.

Em nenhuma das situações os bombardeiros entraram no espaço aéreo de Portugal propriamente dito, o que, se tivesse acontecido, seria uma grave violação das regras. Em última análise, num caso desses, os aviões russos até poderiam ser abatidos.

O que os Tupolev 95 fizeram não é ilegal, mas a verdade é que também não podemos classificar o seu voo como um passeio inocente. Os russos não comunicaram antecipadamente o que iriam fazer, não estabelecerem contacto com os controlos aéreos responsáveis pelas áreas que atravessaram (e lembre-se que contornaram toda a Europa Ocidental) e desligaram os dispositivos que permitem que os os aviões sejam mais facilmente detectados e identificados a partir de terra.

Em suma: este comportamento só pode ser qualificado como não amigável, tanto mais que surge na sequência de muitos casos semelhantes no norte da Europa. No último ano, o número de voos militares russos junto dos espaços aéreos de países como a Estónia, Letónia, Lituânia, Noruega, Suécia e Grã-Bretanha subiu de forma muito assinalável, atingindo níveis só vistos no tempo da União Soviética.

Em alguns casos, os aviões russos foram interceptados por caças portugueses que estão a cuidar da defesa aérea dos países bálticos. Lituânia, Letónia e Estónia têm forças aéreas muito reduzidas e, por isso, dependem dos seus parceiros da NATO para a fiscalização do seu espaço aéreo. Nos últimos quatro meses de 2014, o comando da força da Aliança Atlântica que tem essa tarefa coube precisamente a Portugal.

As incursões russas não se ficaram pelo ar. Também no mar se registaram situações deste tipo, e uma delas envolveu Portugal. Poucos dias depois de os bombardeiros Tupolev terem voado até junto da nossa costa, um navio hidrográfico da marinha russa, vindo do mar Mediterrâneo, entrou na Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa.

Tal como aconteceu com os aviões, o navio “Sibiryakov” também acabou por ser escoltado – no caso, por uma corveta da Armada – até abandonar a ZEE de Portugal. Como a embarcação não entrou em águas territoriais, nem efetuou, que se saiba, qualquer pesquisa na zona económica exclusiva, também aqui não há nenhuma ilegalidade a apontar.

Muito mais grave foi o que se passou na Suécia algumas semanas antes. Várias testemunhas indicaram ter visto um submarino nas águas costeiras próximas de Estocolmo, a capital do país. A marinha sueca mobilizou-se durante uma semana para encontrar esse submarino, mas sem sucesso. Todavia, recolheu dados suficientes para poder concluir que uma embarcação desse tipo esteve mesmo na zona indicada.

O governo de Moscovo desmentiu que tivesse alguma coisa a ver com o assunto, mas não restam grande dúvidas de que esse submarino seria russo. Durante a Guerra Fria, era habitual haver incursões do mesmo género por parte da marinha soviética.

O que se pode concluir de tudo isto? O que leva o presidente Vladimir Putin, quase 25 anos depois do fim da União Soviética, a querer replicar velhos hábitos comunistas?

Para além da necessidade meramente militar de testar as defesas e velocidade de reacção de um potencial inimigo, a resposta a esta pergunta tem mais duas componentes – uma estrutural e outra conjuntural. Por um lado, a intervenção militar russa na Ucrânia, que visa manter o país sob a esfera de influência de Moscovo, pode levar a Europa e os Estados Unidos a querer ajudar de forma mais activa o governo de Kiev. Com estas incursões, o governo russo passa uma mensagem clara: “Mantenham-se longe do nosso quintal” – e é assim que Moscovo vê a Ucrânia -, “senão teremos problemas”.

Do ponto de vista mais estrutural, as entradas russas no espaço aéreo e marítimo ocidental são um sinal de que a grande estratégia russa passa pela reconquista dos espaços de influência e das capacidades de acção que pertenciam à antiga União Soviética.

Para conseguir isso, Putin tem de neutralizar a oposição ocidental, especialmente a dos Estados Unidos. Ciente de que a Europa não tem capacidade, nem vontade de fazer uma oposição mais “musculada” aos seus planos na Europa de Leste, Putin sabe que uma postura mais agressiva pode, por enquanto, trazer-lhe mais benefícios do que prejuízos.

Incursões a longa distância das suas forças aéreas e navais são um meio relativamente barato e seguro de criar algum alarme entre populações e governos que se julgavam imunes a potenciais represálias russas. O objectivo último, claro está, é diluir cada vez mais a vontade dos europeus de travar novos avanços russos nas franjas do antigo império soviético.

Não é por acaso que países como a Polónia, que sabem exactamente o que é que significa fazer parte de um tal império, vêem com muito alarme o que se está a passar e clamem por uma tomada de posição mais agressiva por parte da União Europeia. Esse mesmo tem sido o discurso de Donald Tusk, o ex-primeiro-ministro polaco que acaba de assumir o cargo de presidente do Conselho Europeu.

Perante a incapacidade da política e da diplomacia para travarem os intuitos expansionistas russos, alguns países preparam-se para mudar de vida: a Suécia, por exemplo, depois de muitos anos de desinvestimento nas forças armadas, voltou a aumentar o orçamento para Defesa, e a Finlândia, um país historicamente neutro, começa a discutir a possibilidade de pedir adesão à NATO.

Tudo isto mostra que a situação no Leste da Europa está cada vez mais instável e perigosa. Se os países democráticos da Europa não se entenderem depressa sobre a melhor forma de enfrentar a política expansionista e agressiva da Rússia, Putin sentir-se-á encorajado a arriscar cada vez mais.

Até onde poderá ir, ninguém sabe. Talvez nem ele próprio.

Porquê Portugal? Porquê agora?

A notícia de que aviões militares russos (e mais tarde um navio) estiveram a poucas centenas de quilómetros da costa de Portugal causou, naturalmente, bastante admiração no país.

A pergunta que surgiu na mente de muitas pessoas, e também na comunicação social, foi se haveria alguma razão especial que justificasse esta visita.

Afinal, nem Portugal é propriamente uma grande potência militar, nem as nossas relações com a Rússia têm sido assim tão complicadas.

Tudo verdade, mas é preciso não esquecer que Portugal faz parte da NATO, a aliança que maiores obstáculos coloca aos planos de Vladimir Putin. As incursões aéreas e navais russas visam aquilatar até que ponto as defesas da NATO são eficazes e, simultaneamente, criar algum efeito psicológico nas populações locais que possa debilitar a capacidade dos governos para tomar acções contra a Rússia.

Há ainda uma outra possibilidade que pode ser considerada. O facto de Portugal ter liderado a missão de policiamento aéreo nos países bálticos durante a segunda metade de 2014, durante a qual aviões de combate portugueses procederam a várias intercepções de aeronaves russas, pode ter motivado o governo de Moscovo a enviar uma “mensagem” ao governo português que pode ser traduzida nesta simples fórmula: “Se vocês actuam militarmente junto às nossas fronteiras, nós também podemos fazer o mesmo junto às vossas”.

Este post transcreve com alterações mínimas o artigo que publiquei no número de Janeiro da revista “Família Cristã”.

P-3 Orion da FAP intercetado por caça russo… ao vivo e a cores

Fonte: Força Aérea Portuguesa via “The Aviationist”

Um vídeo só agora tornado público mostra um P-3 CUP+ Orion da Força Aérea Portuguesa a ser interceptado por um caça russo Sukhoi 27 Flanker na zona do Báltico, em Novembro passado.

As imagens foram captadas pelas câmaras do avião português, e nelas é possível ver que a aproximação do avião russo é tão rápida que o piloto aciona o sistema de travagem aérea para ficar junto do aparelho português.

O Sukhoi acompanha o P-3 a poucos metros de distância e deixa bem visível que está armado com seis mísseis ar-ar. Outras imagens, captadas com uma câmara de visão nocturna, dão uma perspetiva ainda mais próxima do aparelho russo.

O P-3 Orion esteve na zona do Báltico em Novembro passado, no âmbito da missão de policiamento aéreo que a Força Aérea Portuguesa liderou com o contributo adicional de seis caças F-16.

O P-3 é um avião de patrulhamento marítimo que está preparado para interceptar e analisar comunicações de rádio e electrónicas. Por isso, é bem provável que estivesse a realizar uma missão ISR (Intelligente, Surveilance and Reconnaisance). Ou seja, em linguagem de leigos, estaria a espiar as comunicações militares russas, uma capacidade que foi adquirida por estas aeronaves com a modernização para o padrão CUP (Capability Upkeep Program).

Talvez assim se torne mais claro o significado dos “passeios” dos Bear russos junto à nossa costa.

 

 

Ministro confirma negociações para venda de F-16

O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, confirmou ontem nos Açores aquilo que já tinha aqui noticiado várias vezes: Portugal está a negociar com a Roménia e a Bulgária a venda de caças F-16 da Força Aérea.

Aguiar-Branco diz que o número de aviões a vender pode ir de nove a doze. Curiosamente, o governo búlgaro oficializou recentemente a decisão de comprar oito caças, com a escolha final a ser feita até 1 de Março. Não obstante várias fontes darem como certo que os F-16 portugueses serão os escolhidos, com o negócio a chegar aos 360 milhões de euros, a verdade é que parece haver divisões no governo búlgaro relativamente a esta matéria.

Outra informação interessante dada pelo ministro da Defesa é que esta venda, a concretizar-se, pode “facilitar e criar condições para que o reequipamento da própria Força Aérea seja mais forte do que é neste momento”. Deduz-se daqui que pelo menos parte da receita da venda dos caças poderá ser aplicada na compra de novos equipamentos, e aqui há duas prioridades claras, apontadas recentemente pelo chefe do Estado-Maior da Força Aérea: a substiuição dos aviões de treino Alpha Jet e dos helicópteros Alouette III, que não podem voar para além de 2018.

Mesmo que o negócio avance nos moldes noticiados, e mesmo que a Força Aérea fique com todo o dinheiro daí resultante, 360 milhões não dão para muito. Em 2009, a Itália aceitou pagar 220 milhões de euros por apenas seis aviões de treino avançado Aermacchi M-346 Master. A não ser que a Força Aérea ainda tenha esperanças de conseguir convencer os sul-coreanos a trazer os seus T-50 para Beja, o que dispensaria Portugal de comprar novas aeronaves deste tipo, não se vê maneira de conciliar a substituição simultânea dos Alpha Jet e dos Alouette.  A não ser que alguma alma caridosa ou mais imprevidente aceite pagar uma quantia inesperada pelos velhos Puma e Aviocar