Rússia e Ucrânia: entrevistas a Fogh Rasmussen e Kasparov
Na quinta-feira passada, entrevistei Garry Kasparov, um dos principais lideres da Oposição russa, e Anders Fogh Rasmussen, ex-secretário-geral da NATO, aquando da sua passagem pelas Conferências do Estoril. Aqui ficam alguns excertos dessas conversas, no que à Rússia e à Ucrânia dizem respeito.
Polónio? Outra vez?…
A morte de Yasser Arafat, em 2004, foi estranha – para dizer o mínimo.
Os médicos franceses que trataram o presidente da Autoridade Palestiniana nos seus últimos dias de vida nunca conseguiram perceber muito bem o que o estava a matar. Por isso, logo na altura, começaram a correr rumores de que Arafat teria sido envenenado.
Agora, uma investigação do Instituto de Radiofísica de Lausanne, na Suíça, solicitada pela estação de televisão Aljazeera, indica que o líder palestiniano estaria contaminado com polónio-210, uma substância radioactiva rara.
A confirmar-se, este não é o primeiro caso célebre de envenenamento com polónio. O dissidente russo Alexander Litvinenko morreu em 2006, depois de ter bebido chá que continha a mesma substância. A autoria desse assassínio nunca foi oficialmente apurada, embora tenha sido atribuída aos serviços secretos russos.
A presença de polónio nos dois casos, só por si, não nos permite fazer uma ligação entre eles, mas a coincidência pode ser relevante.
A viúva de Arafat e a Autoridade Palestiniana dizem que vão ordenar a exumação do corpo, para que sejam feitos novos exames e se apure a verdade. Israel tem sido acusado por muitos palestinianos, e não só, de ter executado o assassínio, mas isso nunca teria sido possível sem a cumplicidade de alguém próximo de Yasser Arafat.
O próprio Hamas o diz, e até nem seria de todo surpreendente que o envenenamento tivesse sido um assunto estritamente interno. Arafat tinha tantos, ou mais, inimigos dentro da Palestina, como fora dela.
Por tudo isto, o mais certo é que nunca se chegue a saber com exactidão como é que a vida de Yasser Arafat chegou ao fim.