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França intervém no Mali

aqui tínhamos falado do papel activo que a França estava a ter na crise do Mali. Hoje, o presidente François Hollande deu um passo decisivo nesse envolvimento ao anunciar que forças militares francesas estão a apoiar o exército maliano nos seus combates contra as forças islamitas que tomaram a cidade de Konna na quinta-feira. Para já, está confirmado um ataque aéreo, mas também foi noticiada a chegada de tropas. Sabe-se que militares nigerianos e senegaleses também estão a colaborar neste esforço.
A acção directa de Paris naquele cenário certamente não começou hoje, mas era suficientemente pequena e discreta para poder ser obfuscada. A comunicação de Hollande indica que agora é necessário um esforço de larga escala, que “durará o que for necessário”.
Para além de ter pedido a intervenção francesa, o Presidente do Mali também declarou o estado de emergência. Isto dá a entender que a situação militar é delicada e que se teme uma penetração profunda dos islamitas no sul do país. Hollande diz mesmo que eles “procuram dar um golpe mortal na própria existência do Mali”.

NPO podem ser vendidos ao Uruguai

NRP Viana do Castelo

A notícia vem do Defensa.com: o chefe de Estado Maior da Marinha do Uruguai anunciou que está a “trocar informações” com as autoridades portuguesas com vista à aquisição dos dois navios da classe Viana do Castelo destinados à Armada. Apenas um destes, o NRP Viana do Castelo, está em serviço activo; o outro, o NRP Figueira da Foz, precisa de bastantes trabalhos para ficar operacional, estando por isso ainda a cargo do construtor, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).

A notícia pode parecer surpreendente, mas algo semelhante já foi tentado com a Nigéria, há dois anos. Além disso, Portugal e Uruguai tiveram um negócio recente nesta área, com a venda das velhas fragatas da classe João Belo àquela marinha sul-americana.

À primeira vista, pode haver duas razões para o Governo vender os dois Navios de Patrulha Oceânica (NPO) que seriam o embrião da classe que teria como missão patrulhar as águas portugueses nos próximos 30 ou 40 anos. A primeira seria aliviar as contas dos ENVC e do próprio Estado (falou-se de um preço de 50 milhões de euros por unidade aquando do interesse nigeriano). Isto é tanto mais plausível dado o investimento considerável que o NRP Figueira da Foz parece necessitar para poder entrar ao serviço. Como é que isto se interliga com o processo de reprivatização dos ENVC – se é que se interliga de todo – é um mistério.

A outra razão possível para a venda está interligada com a primeira. A Armada e o Governo podem ter chegado à conclusão que, dada a situação financeira do país, o projecto dos NPO, que previa a construção do mais seis navios, está morto. Assim sendo, pode ter-se concluído que mais vale vender os dois navios que existem e procurar outra solução mais barata no futuro (navios em segunda mão novamente?).

Independentemente de este negócio se confirmar ou não – e tendo mais para a negativa, dado que o dinheiro também não abunda no Uruguai – o problema de fundo permanece: as corvetas e os patrulhas da Armada já não deviam estar a navegar e não se antevê que tenham substitutos nos anos mais próximos. O resultado disto é fácil de adivinhar.